segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

DÍVIDA PÚBLICA IMPAGÁVEL


Deu no Globo de ontem, 13/01/19, que o governo estuda cortar 266 bilhões de reais em quatro anos e que, para conter o rombo atual, servidores e salário mínimo ficariam sem reajuste acima da inflação até 2022. Medidas que visam a reverter a escalada da dívida pública, que disparou 25 pontos percentuais em relação ao PIB em apenas cinco anos.O Chicago Boy brasileiro, atual Ministro Paulo Guedes, estuda outras medidas para economizar, mas tomando sempre como paradigma o mesmo plano do FMI, o badalado Ajuste Fiscal apresentado pelo seu agente Levy, no governo Dilma, que sacrifica uma enorme parcela da população, mas que fora rejeitado pelo executivo e legislativo da época. Tais medidas são parecidas, senão as mesmas que têm causado furor nos países europeus, tais como França, Hungria, Grécia, Itália etc, e que provavelmente aqui também causarão. Nenhum dos chamados economistas liberais falam em promover o Ajuste da Dívida, simplesmente porque, fundamentalmente, não aceitam o seu recálculo usando juros simples, ao invés dos juros compostos. Estes, que são o motivo principal da disparidade entre o crescimento da dívida e o crescimento do PIB, nunca foram contestados pelos países endividados, que os aceitam como se fosse uma cláusula pétrea dos contratos celebrados com os financistas (Bancos que emprestam, conforme contratos de adesão) .  E não contestam com receio de não serem mais financiados. O único, até hoje, que contestou,  foi o Nestor Kitchner, em 2001, da Argentina, e conseguiu uma baita redução, pois deve ter percebido que era aí é que residia o desequilíbrio fiscal.  Se a produção é financiada, mas o preço do produto final que o industrial fabrica não consegue acompanhar o crescimento de suas dívidas, calculadas com a confiscante e inteligenteTabela Price (juros sobre juros, ou anatocismo, ou usura) então a equação não se equilibra e haverá sempre o crescimento da dívida dos empresários desproporcionalmente aos insuficientes preços finais, que nem sempre podem ser aumentados para manter o seu consumo. Assim também ocorre com a dívida do governo. E, no balanço geral, constata-se essa aberração, do crescimento da dívida ser superior ao PIB. Então, se não houver um recálculo da dívida, vivenciaremos sempre o empobrecimento da população às custas dos ganhos sem causa dos banqueiros. Daí que os vejo como os  inimigos principais do povo. Não se trata de esquerda ou direita. Sempre haverá desequilíbrio com este sistema usurpador. No início do governo do Lula, em 2003, eu achei que ele faria o mesmo que a Argentina fez. Mas não fez! E, pior, se aliou a eles. Tanto que os Bancos em seu governo, obtiveram uma lucratividade nunca d’antes vista neste país. Daí que, este fato aliado à falta de projetos contra a corrupção e sua aliança a ela no episódio do mensalão fizeram-me perder as esperanças de consertar o Brasil, tanto na economia quanto na honestidade e sinceridade de propósitos dos políticos.
E agora a coisa piorou, pois além de nada estar previsto para fazer o Ajuste da Dívida,  nada também está sendo projetado para fazer os ricos contribuírem mais, para resolver o problema da saúde, da educação e da habitação, assim aliviando o gasto orçamentário para estes setores fundamentais ao desenvolvimento do país. O imposto sobre as grandes fortunas, previsto na Constituição, depende apenas de lei complementar, na qual poderia ser exigido o pagamento de, pelo menos, 5% sobre fortunas acima de 50 milhões de reais. Esse imposto teria de ser visto como uma devolução ao povo, pois as fortunas foram feitas aqui, com o suor dele, mas os ricos mandam a maior parte para o exterior. Os computadores dos bancos sabem quem são. Então, seria só questão de vontade política. Mas não vejo nenhuma intenção neste sentido. Se o Lulismo não o fez, não será o Bolsonarismo a fazê-lo! E la nave va...