Prezados,
Abaixo, repasso a vocês uma síntese dos fatos internos e externos, estes com críticas às intervenções da diplomacia americana.
Para entender a referência ao Estado Palestino, é necessário esclarecer
que a ONU decidiu (logo após o término da guerra de conquista de 1967),
sem o veto dos EUA, que Israel deveria retornar às fronteiras
anteriores ao início da guerra (Resolução n. 242/67), o que implicaria
em devolução das terras, que foram conquistadas pela força, e
conformação com as fronteiras aprovadas pela ONU para o Estado de
Israel. Dentre as terras que teriam de ser devolvidas encontra-se a
área que seria destinada ao Estado Palestino. Este seria o legítimo
Estado Palestino!
Com apoio dos EUA, Israel sempre disse que não cumpriria a Resolução. Um desafio ao Direito Internacional e ao mundo!
A ONU nunca impôs o cumprimento da Res. 242, porque os EUA sempre
vetaram. Uma hipocrisia imensa, porque, alegando descumprimentos de
ordens da ONU, de menor monta!,eles invadiram, mais recentemente, o
Iraque e a Líbia. Mas, quando se trata de Israel, os banqueiros, os
industriais das armas, a grande imprensa e a poderosa nação
judaica-americana sinalizam vermelho para os Presidentes. Com Barack não
tem sido diferente...
Eu gostaria de saber do jornalista,
Sr. Mário Augusto Jacobskind, ilustre autor do texto, qual é o Estado
Palestino que ele defende. É o legítimo, ao qual me referi acima? Ou
seriam aqueles dois Cantões defendidos por Israel?
Fauzi Salmem
Estratégias de dissimulação
Mário Augusto Jakobskind
É muito grave a denúncia do ex-deputado Ricardo Zarattini de que
Richard Melton participou de interrogatório em uma dependência do
Departamento de Ordem Política e Social, o famigerado Dops, no ano de
1969. O diplomata estadunidense veio a ser designado em 1989 embaixador
no Brasil e ficou no cargo até 1993.
A Comissão Nacional da Verdade
está encarregada de investigar a fundo a denúncia, de antemão minimizada
pela diplomacia estadunidense, fato comum de acontecer toda vez que as
autoridades de Washington são acusadas de dar respaldo a governos que
praticam terrorismo institucional.
O mesmo tipo de acusação colocou a
Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP) sob suspeita. Na época da
ditadura já se denunciava a participação norte-americana e de
empresários financiadores da repressão em interrogatórios.
O
professor Luis Alberto Moniz Bandeira, preso nas dependências do Cenimar
(Centro de Informação da Marinha) nos anos 60 garante que quando estava
lá pôde constatar a presença de pessoas, possivelmente militares, que
falavam com sotaque identificando o país de origem, ou seja, os Estados
Unidos. Moniz Bandeira posteriormente confirmou através de outros
oficiais da Marinha a presença dos agentes norte-americanos. Pode ajudar
a Comissão da Verdade a investigar tais fatos.
Nos dias de hoje com
a divulgação de informações dando conta da ação de empresários e
diplomtatas estadunidenses em locais onde prisioneiros políticos eram
torturados, procura-se analisar essa participação como atos isolados de
indvíduos. A Fiesp recentemente avaliou, sem confirmar ou desmentir a
participação de seus associados, que a entidade não compactuava com o
esquema da repressão e que se houve alguma participação não era oficial.
Trata-se de uma balela, pois é pública e notória hoje a informação
segundo a qual grupos de empresários vinculados à Fiesp financiaram a
repressão como, por exemplo, a Operação Bandeirantes e assim
sucessivamente.
Para passar o Brasil a limpo é necessário conhecer
com detalhes o que se passou por aqui a partir de 1964. Ainda faltam
muitas informações que circulam desde a época da ditadura.
Nesse
contexto, é preciso investigar a fundo o lobie de extrema direita que
resultou no assassinato do jornalista Vladimir Herzog. Na Assembbliea
Legislativa de São Paulo agia o então deputado Jose Maria Marin, que em
um de seus discursos, em outubro de 1975, poucos dias antes do
assassinato do jornalista exortava as autoridades a tomarem providências
contra o que “estava acontecendo na TV Cultura de São Paulo”.
Marin
negou culpa no cartório, mas em sua negativa em nota oficial no site da
CBF (Confederação Brasileira de Futebol) citou o próprio discurso, que é
comprometedor. E ainda tem um agravante, Marin elogiava o delegado
Sergio Fleury, o agente do Estado brasileiro que cometeu uma série de
violações dos direitos humanos e acabou morrendo, possivelmente como
queima de arquivo da extrema direita civil militar, por temor de outros
agentes de que em algum momento pudesse incriminar figuras notórias.
O esquema de ocultamento de responsabildades do que foi feito de alguma
forma segue a mesma linha do que acontece em outras instâncias, seja na
área econômica ou política institucional. Ou seja, o discurso é de uma
forma, enquanto a prática é distinta e varia de acordo com as
necessidades do momento.
Na política internacional, a recente visita
do Presidente Barak Obama a Israel e poucas horas em território
palestino de alguma forma remete a esse esquema de dissimulação. Mais
uma vez Obama defendeu a criação do Estado Palestino, mas na prática não
adotou nenhuma resolução que obrigue o governo extremista de direita de
Israel a mudar a forma de agir na região.
O presidente estadunidense teria força suficiente para agir visando o enquadramento de Israel.
Tanto assim que depois de muitas recusas, o governo de Israel pediu
desculpas à Turquia, aliada dos EUA, por ter matado cidadãos turcos em
uma flotilha que tentava furar o bloqueio imposto à Faixa de Gaza.
Agora, não adianta apenas condenar verbalmente a continuidade da
construção de assentamentos em áreas palestinas ocupadas. Por que não
encostar na parede o primeiro ministro Benyamin Netanyahu (já conhecido
com primeiro sinistro), exigir a suspensão e o desmantelamento imediato
das construções? Com isso se removeria um dos entraves para a retomada
das conversações palestino israelenses e a criação finalmente do Estado
palestino em terras que não sofressem solução de continuidade.
Por
essas e muitas outras, depois de tantos anos de idas e vindas e total
impunidade por parte dos governos de Israel, os tempos atuais exigem
mais do que discursos dos Estados Unidos. Se é que os ocupantes da Casa
Branca estão mesmo a fim de apoiar a criação de um Estado Palestino
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