Há quem diga que as atuais ameaças dos americanos, dos alemães, dos franceses (todos comandados por Israel) contra os iranianos, podem ser uma armação para aumentar cada vez mais o preço do petróleo e do ouro. Não sei...
A aliança Israel-Ocidente promove embargos disso e daquilo contra o Irã, e ameaça com a destruição dos seus reatores nucleares.
Os russos e os chineses são contra os embargos e entendem que o Iran tem o direito de desenvolver seu combustível nuclear, porque o país não têm outra fonte de energia para suportar o seu crescimento, conferindo o que tem sido dito pelos iranianos sobre o objetivo dos reatores.
O Irã, por sua vez, entende que fechar o estreito de Ormuz, diminuindo o abastecimento do Ocidente, seria uma de suas armas contra a esperada agressão dos aliados, parecendo uma repetição do que ocorreu no Iraque.
"Fazendo uma breve retrospectiva, Israel havia bombardeado o reator do Iraque, em 1987, que Saddam desenvolvia, parecia que com objetivos bélicos. Após a perda, o Iraque partiu, em 1990, para a retomada do Kwait, o qual Saddam considerava terras pertencentes ao Iraque. Saddam errou em acreditar no aparente apoio dos EUA, que interveio em favor do Kwait, ou seja, da monarquia aliada, e ferrou o Iraque. Após a guerra, o que sobrou do Iraque foi vítima de embargos, inclusive de alimentos.
Mas os aliados israelenses-ocidentais não quiseram ou não puderam arrebentar de vez com o Saddam, ou porque não queriam exercer o governo diretamente (para não se revelarem espoliadores) ou porque não havia substitutos confiáveis, ou porque o Iraque de Saddam (inimigo do Irã) seria um tampão contra o avanço do fundamentalismo islâmico do Irã. Acho mais provável que tenha sido esta última hipótese, pois apesar de Irã e Iraque terem objetivos comuns quanto a Israel, anos antes haviam guerreado, longamente, pela posse do canal Shatt-al-Arab, guerra em que os EUA venderam armas oficialmente para Saddam e inoficialmente para o Irã. Quanto mais enfraquecidos, mais fáceis de dominar, posteriormente.
Assim, deixaram o Iraque continuar com Saddam, desde 1991 até 2001, mas sob embargos, inclusive de alimentos. Diante da fome, os EUA e aliados da ONU flexibilizaram, aceitando trocar alimentos por petróleo, assim impedindo a continuação da morte de centenas de milhares, por inanição. Saddam teve de governar um país com a economia em frangalhos, mas não se submeteu à vontade dos aliados, altamente danosa à soberania do Iraque.
Em 2001, ocorreu a destruição do World Trade Center. Um bom motivo para deflagrar a guerra contra o terror, que se transformou na guerra pelo controle do petróleo. Começou com a invasão do Afeganistão, para "caçar" o Bin Landen. Aliás, até hoje não me convenci, de como um grupo de estrangeiros, com sotaque, pôde ter sido tão bem sucedido naqueles ataques. Lembro-me de que reportagens da época, especulando ou comentando os resultados de investigações, diziam que a CIA sabia de muita coisa, mas deixou acontecer...Uma oportunidade para poder arrebentar com o governo islâmico radical do Afeganistão, com o aval da opinião pública mundial, e assentar bases nas costas do Irã. Diante das evidências, chegou-se a especular e ainda se especula, que os ataques aos EUA, teriam sido a execução de um plano diabólico do próprio governo dos EUA. A caçada a Bin Landen sempre foi muito misteriosa...enquanto durou ele fez vários pronunciamentos negando a sua participação nos atentados contra os EUA.
A guerra ao terror continuou, mas como atos de terror. Ainda durante a campanha no Afeganistão, acusaram o Saddam de esconder terroristas e de estar fabricando armas de destruição em massa. Mesmo sem dinheiro, nem para comida, o Iraque foi acusado de estar desenvolvendo essas armas, que requereriam o desenvolvimento de custosos mísseis, para que se tornassem uma real ameaça.
Ora, se isso fosse verdade, teria sido facilmente detectável por satélite. Eles espionaram e espionaram, procuraram e procuraram, nos palácios do Saddam, nas fábricas e onde quiseram ir, e nunca acharam nada! Então só poderia mesmo ser desculpa, para conquistar o controle do Iraque e do seu petróleo.
Então, após conseguirem substitutos, que aceitaram a submissão, os aliados invadiram o Iraque, em 2003, para depor Saddam. Foi muito fácil, embora tenha havido uma valente, porém fraca, resistência diante do poderoso exército invasor. O filme "Soldado Anônimo" retrata bem a decepção dos soldados que reclamaram de não ter com quem lutar, quem matar...ficaram desapontados!
Bom, voltando ao papo inicial, pode ser que as atuais ameaças, de uma lado e de outro, seja mesmo para valer. Mas, e se for?
Sabe-se que a China importa do Irã a maior parcela de seu petróleo. A Rússia tem acordo de defesa com o Irã, sendo seu antigo parceiro comercial, inclusive fornecedor de armas.. Ninguém sabe se se envolveriam no conflito.
E na Síria? Estão tentando tirar o nacionalista Assad, porque o seu governo tem acordo de defesa com o Irã. Na guerra com o Iraque, a Síria e a Líbia ajudaram o Irã. Essa aliança foi a razão de arrebentar com o nacionalista Kadhafi. Agora o Assad é a bola da vez. E os seus opositores, se assumirem, provavelmente vão abrir as portas para os aliados israelenses-ocidentais instalarem suas bases para atacar o Irã.
Então, vai ficar faltando arrebentar com o Irã.
Hoje, 03/02/2012, a maior autoridade do Irã corrobora o que deduzimos acima, ao afirmar que o que está em disputa é a hegemonia na região. Ele já havia dito que Israel é um "câncer que precisa de ser extirpado". A raiva mútua advém de divergências entre radicais islâmicos e radicais sionistas.
Penso que se Israel retornasse às fronteiras anteriores à guerra de 1967, todo o conflito na Síria terminaria, e o Irã iria também aceitar a convivência com Israel. A grande questão é que o Estado de Israel não cumpre a Res. 242/67, da ONU, que lhe determinou o retorno àquelas fronteiras. Já negou e renegou o cumprimento da Resolução. E a ONU nunca ameaçou com intervenção, sanções, embargos etc.
A ONU, liderada pelos ocidentais ameaça permitir que Israel destrua o reator iraniano, cabendo aqui questionar, por que a ONU não exige, também, o desmonte do poderoso arsenal nuclear que Israel mantém no Deserto de Negev.
Claro que se assim fosse, os iranianos aceitariam que o processamento do urânio fosse feito até mesmo pelos próprios americanos e europeus, como garantia de que não haveria o enriquecimento do minério em mais de 20%, longe, portanto, do percentual para fabricação da bomba.
Hoje, 04/02/12, a Rússia e a China vetaram a Resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigiria a renúncia de Assad.
Querem que o nacionalista Assad renuncie e que um novo governo (dos opositores aliados dos monarquistas) cancele o antigo acordo de defesa que a Síria mantém com o Irã. Querem mesmo é instalar bases na Síria, assim como as que já possuem na Arábia Saudita, Iraque etc e fechar o cerco ao Irã. Se derrotarem o Irã, as economias da Rússia e da China ficariam à mercê dos ocidentais, estes que ganhariam o controle de todo o petróleo do Oriente Médio.
Os vetos são de quem tem poderosa força militar. Os EUA vetaram sanções contra Israel, nas vezes em que desafiou a ONU, com o descumprimento da Res. 242/67. Agora foi a vez de Rússia e China.
Penso que eles deveriam entregar para um Tribunal Internacional e promover o desarmamento, ao invés de ficarem aterrorizando o mundo com ameaças mútuas, que poderão resultar em centenas de cogumelos estúpidos e comprovantes da insensatez humana. Mas a vaidade e a ganância continuam ainda a prevalecer na interação humana, impedindo que a lei do mais forte seja revogada!
Então, vamos torcer para que tudo seja só para aumentar o preço do petróleo...
Fauzi Salmem
P.S. – Hoje, segunda-feira, 16/04/12, transcrevo da página do globoonline, vozes importantes que corroboram o questionamento no texto acima, sobre a bomba de Israel.
BERLIM — Ganhador do prêmio Nobel de Literatura, o escritor alemão Günter Grass foi hospitalizado nesta segunda-feira na Alemanha. A internação ocorre dias depois de um poema seu criticando Israel deflagrar uma forte polêmica.
Segundo a mídia alemã, Grass foi internado num hospital de Hamburgo. Os detalhes sobre sua saúde, no entanto, não foram revelados.
No poema “O que deve ser dito”, publicado em jornais no dia 4 de abril, Grass criticou o que chamou de hipocrisia do Ocidente em relação ao programa nuclear israelense. E considerou o país uma ameaça à paz mundial devido à sua posição em relação ao Irã. Em retaliação, Israel disse que sua entrada seria barrada, caso viajasse ao país